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Genomma volta a fazer um show em Campo Limpo Paulista em festival

Confira relato completo de Felipe Schadt sobre a relação da banda com a cidade



No último domingo (23), a Genomma participou do Campo Limpo Paulista Rock Festival, organizado por artistas independentes e apoiado pela prefeitura local. O evento aconteceu na Praça Castelo Branco e contou com 14 bandas que se dividiram em três dias (21, 22 e 23).


Para Felipe Schadt, vocalista e compositor da banda, “tocar em Campo Limpo é como voltar para casa”, isso porque a banda surgiu na cidade em 2009, em ensaios que aconteciam no bairro Jardim Europa. “Nos reunimos a primeira vez na garagem do meu primo para o nosso primeiro ensaio, foi num feriado de 12 de outubro”, conta o vocalista.


Confira o seu relato do show na íntegra.


Como é bom tocar em casa


Fazia muito tempo que não tocávamos em Campo Limpo. O último show, se me lembro bem, aconteceu em janeiro de 2020, ainda para promover nosso primeiro álbum, Além dos Muros de Jornais (2019). Depois veio a pandemia e uma avalanche de coisas aconteceram. Quando recebemos o convite para esse festival, eu não pensei duas vezes e aceitei na hora. Eu queria voltar pra casa.


Digo casa porque foi lá que a Genomma nasceu. Nos reunimos a vez na garagem do meu primo para o nosso primeiro ensaio, foi num feriado de 12 de outubro e era para uma apresentação que faríamos para o Pop Festival, em Jundiaí.


Mesmo tendo estreado em Jundiaí, eu considero o nosso verdadeiro baile de debutante o dia em que tocamos no Bar do Zeppelin, em Campo Limpo. Era um bar que não tinha nada a não ser um monte de garotos e garotas que respiravam rock. Era regra, sabe? Se você era de Campo Limpo e tinha uma banda, você tinha que tocar no Zeppelin ou sua banda não existia.


O nosso primeiro clipe [que nunca foi ao ar graças ao nosso bom senso] foi gravado no cineteatro Ayrton Senna, o palco mais tradicional da cidade. Além disso, um dos shows que mais temos boas memórias aconteceu em outro teatro da cidade, o Teatro de Arena. Sem contar os shows que fizemos no Anfiteatro da Unifaccamp (Centro Universitário Campo Limpo Paulista).


E nossa relação com a cidade nunca se perdeu. Eu nasci e morei lá por muitos anos. O Matheus, nosso baterista, ainda mora lá. Ou seja, metade da banda era campolimpense, Por isso, tocar lá é sempre especial.


Por todo esse sentimento de nostalgia que resolvemos subir no palco da Praça Castelo Branco e fazer de tudo para entregar o nosso melhor. E tenho que dizer que eu fiquei muito orgulhoso do nosso show. Para mim, que sou muito atento a uma coisa que chamo de “teatralização” do show, nossa apresentação cumpriu o seu papel e demos ao público exatamente o que queríamos dar. E foi muito legal ver a resposta da plateia que, intrigada com nós quatro, observava atenta aos nossos movimentos entre luzes amarelas e um monte de girassóis de plástico espalhados no palco.


Para finalizar, dois momentos que merecem nota. O primeiro foi quando o Virgílio, pai do Matheus, apareceu no pé do palco e pediu para tocarmos Muros de Jornais. Ela não estava no repertório daquela noite, mas não dava para negar o pedido e eu explico o motivo. O Virgílio havia perdido na noite anterior um grande amigo, quem me contou toda a história foi o próprio Matheus que também estava muito abalado com a perda. Essa música é a favorita dos pais do Matheus e fala sobre como é doloroso perder alguém que se ama. “Felipe, toca Muros de Jornais para o meu amigo, o nome dele é Hercules”. Nós não tínhamos ensaiado ela, mas não importava. Ela foi executada e eu quase não consegui cantar, pois ali, também no pé do palco estava a Andreia, mãe do Matheus chorando muito. Ah… antes de começar a música, o nosso baterista também caiu em lágrimas ao ver seus pais ali. Foi emocionante.


O segundo momento foi na sequência. Eu encontrei muitos amigos naquele dia. Amigos que frequentavam o Bar do Zeppelin e viram a Genomma nascer praticamente. Mas o encontro mais inusitado foi com o Sandro. Alessandro Ribeiro, Sandro para os chegados, foi guitarrista da banda na sua primeira formação. Junto com o Jeck, ele tomava conta das guitarras. Por coisas dessas da vida, ele seguiu outros caminhos e saiu da banda. Fazia tempo que eu não via o Sandro. Coisa de anos, uns cinco no mínimo. Estava guardando as coisas, ainda no palco, quando ele apareceu e me deu um belo abraço. Um abraço do tamanho da saudade que eu estava daquele cara. “Eu estava indo embora [ele mora em São Paulo] e lá da estação eu ouvi sua voz e reconheci na hora que era a Genomma. Sai com a minha esposa da estação e subi aqui na praça pra ver vocês tocarem. Não consegui ver o show, mas tá valendo. Vi vocês!”, ele me disse depois.


Voltar pra casa é assim. Você inevitavelmente acaba encontrando sua família.

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